Interrupção temporária da captura serve garantir o ciclo natural de desenvolvimento das espécies
A vigência do novo período de defeso dos crustáceos na Lagoa de Araruama começou, neste ano de 2023. A proibição temporária da pesca teve início no dia 1º de abril e vai até 30 de junho, com o objetivo de garantir o ciclo natural, através do recrutamento e reabastecimento dos estoques naturais, favorecendo assim a revitalização desses estoques e a partir disso é possível ter a garantia de produção durante o restante do ano. Ou seja, o novo defeso garante através do recrutamento, essa renovação dos estoques naturais e uma captura nunca acima da capacidade de reprodução das espécies. Esta é a primeira vez que o defeso dos crustáceos ocorre separadamente do defeso dos peixes, tradicionalmente entre 1º de agosto e 31 de outubro.
Essa separação do defeso da Lagoa de Araruama em dois períodos distintos, foi conquistada após nove anos de solicitações da comunidade pesqueira. A mudança foi resultado de esforços conjuntos entre o Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ), o Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), a Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca (SAP), as Associações e Colônias de Pescadores da Lagoa e pesquisadores do tema. A revisão baseou-se em dados científicos sobre a biologia dos camarões e o etnoconhecimento tradicional das comunidades de pesca artesanal.
“Pela primeira vez vamos experimentar o defeso na época certa. Na época que foi definida com os pescadores e, principalmente, com apoio de dados que demonstram que essa é a melhor época. Acredito que vamos ter um abastecimento considerável de camarão na Lagoa, o que vai proporcionar um retorno, principalmente, na parte econômica, pois, dessa maneira, vamos ter um camarão com tamanho maior, preço melhor e com uma quantidade bem maior do que tivemos no passado”, afirma o coordenador da Câmara Técnica de Pesca e Aquicultura do CBHLSJ, Francisco Guimarães, o Chico Pescador.
“Essa mudança vai trazer resultados muito significativos, porque no período que estava proibida a pesca do camarão, ele estava grande. Porém, no período que estava liberado para o crustáceo ser capturado, ele estava no tamanho muito pequeno, de modo que isso levava a um impacto socioeconômico e ambiental muito significativo”, complementa o presidente do CBHLSJ, Eduardo Pimenta.